quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Programa permite o uso de computador sem as mãos - Software vai ajudar principalmente quem tem dificuldade para movimentar membros superiores

Murilo Rocha - Brasília.
A possibilidade de usar o computador apenas com o simples
movimento da cabeça, dos olhos e da boca é uma revolução na vida do estudante universitário Eduardo George dos Santos, 22. Assim como 4,5% da população brasileira, ele sofre de alguma deficiência física e agora será beneficiado com os programas headmouse e teclado virtual, lançados ontem em uma parceria do Ministério das Comunicações, dos Correios e da empresa espanhola Indra.
Após filmar o rosto do usuário, o programa permite o controle do cursor do mouse e a digitação no computador sobre um teclado virtual sem a necessidade das mãos (veja infografia ao lado). "O piscar dos olhos ou a boca funcionam como o clique no mouse feito tradicionalmente com o dedo", explicou o presidente da Indra, Osvaldo Pires.
Utilizado com sucesso na Espanha, no Chile, na Colômbia e na Venezuela, o software agora será distribuído de forma gratuita no Brasil através de download nos sites dos Correios(www.correios.com.br) e do Ministério das Comunicações (www.mc.gov.br).
Perspectivas. Para Eduardo, tetraplégico de nascimento e treinando no software desde novembro do ano passado, o acesso de graça ao programa e a possibilidade de acessar a internet, mesmo com a ausência de mobilidade dos membros superiores, abrem novas perspectivas para as pessoas com deficiência.
"Eu faço muitas pesquisas e elas me ajudam nos estudos", diz o futuro jornalista, morador de Interlagos, em São Paulo, e que ainda tem acesso discado à internet.
Agilidade. Antes de conhecer o programa, ele já usava computadores, mas mexia o mouse ou digitava com o auxílio de uma vareta presa bela boca ou então esfregando o queixo em uma superfície sensível. "Era mais limitado e lento", acrescenta. Durante a cerimônia de lançamento do software, Eduardo fez uma demonstração de como funciona o mecanismo.
Em pouco mais de dois minutos, após fazer a calibragem do equipamento com a ajuda de outra pessoa, ele acessou o site dos Correios e digitou o nome da rua onde mora, em São Paulo, para localizar o CEP do endereço. "É muito prático. Pode clicar piscando os olhos e mover o mouse com a cabeça", relatou o estudante.
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, convidou o estudante para ser estagiário dos Correios em São Paulo, onde ajudará a difundir o uso do programa para outros portadores de deficiência física. "Esse programa permite ao próprio deficiente acessar o conteúdo da internet", avaliou o ministro.
Hélio Costa, lembrou ainda, durante a cerimônia de lançamento, que 24,5 milhões de pessoas no Brasil têm algum tipo de necessidade especial. O ministro também ressaltou que o ministério tem atualmente no seu quadro de funcionários 80 pessoas com necessidades especiais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário